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Biometria e Segurança Financeira: Transações Mais Seguras do que Nunca

Biometria e Segurança Financeira: Transações Mais Seguras do que Nunca

31/05/2025 - 14:29
Felipe Moraes
Biometria e Segurança Financeira: Transações Mais Seguras do que Nunca

A biometria emerge como uma das soluções mais promissoras para reforçar a proteção de contas e prevenir fraudes em transações financeiras. Ao utilizar características únicas de cada indivíduo, bancos, fintechs e plataformas de pagamento conseguem oferecer camada adicional de segurança sem comprometer a usabilidade. Essa tecnologia não apenas dificulta tentativas de acesso não autorizado, mas também agiliza o processo de verificação, beneficiando as instituições e clientes com maior eficiência e segurança.

Nas últimas décadas, houve um aumento exponencial nas tentativas de ataque cibernético contra sistemas bancários, forçando o mercado a buscar alternativas mais robustas do que senhas e tokens. A biometria se apresenta como resposta ideal, uma vez que explora atributos inalteráveis do usuário e reduz drasticamente a superfície de ataque.

O panorama atual da biometria no setor financeiro

Nos últimos anos, a adoção de sistemas biométricos no setor financeiro brasileiro cresceu de forma expressiva. Entre 2021 e 2023, o percentual de empresas que mantêm dados biométricos saltou de 24% para 30%, refletindo a busca por métodos mais eficientes de autenticação em resposta ao aumento das fraudes digitais e roubos de identidade. Esse crescimento consolidou a biometria como uma alternativa viável para instituições de todos os portes, desde grandes bancos até startups de pagamentos instantâneos.

Biometria se consolidou como principal método de autenticação em bancos, fintechs, operadoras de cartões e plataformas de pagamento. Além dos serviços convencionais, o iGaming também tem investido em reconhecimento facial e de voz para garantir que apenas usuários legítimos acessem contas e realizem apostas sem comprometer a transparência e a integridade das operações.

No cenário internacional, países como Estados Unidos, Reino Unido e China já investem em soluções cada vez mais avançadas, integrando inteligência artificial para análise comportamental e detecção de anomalias em tempo real. Essa movimentação global reforça a tendência de adoção em massa, projetando um mercado de biometria no setor financeiro avaliado em bilhões de dólares nos próximos anos.

Vantagens em segurança das transações financeiras

A inclusão da biometria no processo de autenticação traz benefícios significativos para todos os envolvidos no ecossistema financeiro. Alguns dos principais ganhos são:

  • Redução drástica na fraude por chargeback e em transferências não autorizadas, pois apenas usuários legítimos conseguem confirmar as operações.
  • Maior dificuldade de falsificação, uma vez que impressões digitais, padrões faciais e de voz são únicos e replicá-los exige tecnologia avançada.
  • Fortalecimento da autenticação multifator, combinando biometria com senhas ou tokens, elevando o nível de proteção contra invasores.
  • Agilidade no processo de autorização, reduzindo o tempo médio de verificação e melhorando a eficiência operacional das instituições.

Estudos mostram que bancos que adotam autenticadores biométricos conseguem reduzir em até 80% os incidentes de fraudes relacionadas a documentos falsos e acessos indevidos, gerando economia significativa em gastos com ressarcimento e investigação de crimes. Além disso, aumenta-se o engajamento dos clientes, que percebem maior confiança no uso dos canais digitais.

Conveniência e experiência do usuário

Além da segurança reforçada, a biometria aprimora a usabilidade de apps bancários e caixas eletrônicos. Ao dispensar a necessidade de senhas complexas e memorização de códigos, o cliente passa por um processo mais fluido e intuitivo, captando seus dados em poucos segundos e liberando a transação quase instantaneamente.

Pesquisas de satisfação indicam que 90% dos usuários preferem autenticar transações por métodos biométricos em vez de lembrar múltiplas senhas. Essa preferência reduz retrabalho no suporte ao cliente e aumenta a taxa de conclusão de operações, especialmente em plataformas móveis.

No entanto, quando o método biométrico encontra dificuldades — por exemplo, devido ao desgaste de uma digital ou condições de iluminação ruins —, é fundamental contar com opções alternativas para manter o serviço ininterrupto:

  • Autenticação por senha ou PIN tradicional, como fallback seguro.
  • Reconhecimento de voz ou padrões de fala em segundo fator.
  • Verificação via aplicativo móvel com códigos dinâmicos gerados em tempo real.

Essas camadas de segurança complementares garantem que o usuário nunca seja bloqueado sem opção, mantendo a confiança no sistema e assegurando a continuidade dos serviços financeiros.

Proteção de dados e regulamentação

No Brasil, a biometria é classificada como dado sensível e recebe tratamento especial pela LGPD. Isso implica que as empresas devem obter consentimento explícito, adotar políticas claras de armazenamento e descarte e garantir os direitos de exclusão e portabilidade dos titulares. A transparência no uso e no ciclo de vida desses dados é fundamental para manter a credibilidade e a conformidade legal.

O Banco Central estabelece diretrizes rigorosas através da Resolução 4.658/2018, exigindo criptografia avançada dos templates biométricos e estruturas de monitoramento para detectar e responder rapidamente a incidentes de segurança. Instituições financeiras precisam documentar todos os eventos de autenticação, mantendo rastreabilidade completa das operações e planos de contingência bem definidos.

Além disso, a adoção de padrões internacionais, como ISO/IEC 30107 (anti-spoofing) e FIDO2 (framework de autenticação), fortalece a interoperabilidade entre sistemas e eleva o nível de proteção, harmonizando práticas de segurança globalmente.

Exemplos reais e números de impacto

A CAIXA Econômica Federal já implementa autenticação por impressão digital em caixas eletrônicos e serviços online, substituindo gradativamente a senha numérica. Essa iniciativa resultou em quedas expressivas nos índices de fraude, especialmente em operações de saque e pagamentos de contas, com redução de 65% nos casos de retirada indevida.

Outra prática crescente é o uso de biometria como segundo fator em transações de alto valor via Pix. Com isso, operações superiores a R$5.000,00 só são autorizadas após confirmação biométrica, elevando o padrão de proteção de maneira ágil e eficaz. Relatórios internos apontam que essa medida diminuiu em 45% as tentativas de fraudes em transferências de grande monta.

No mercado global, gigantes como JPMorgan Chase e HSBC investem em reconhecimento facial 3D em seus aplicativos, alcançando acurácia superior a 99,7% e reduzindo falsos positivos a níveis quase desprezíveis. Esses resultados servem de benchmark para companhias brasileiras que buscam excelência.

Desafios e considerações técnicas

Necessidade de logs seguros e rastreabilidade destaca-se como um dos principais desafios na implementação de sistemas biométricos. Além disso, é preciso lidar com falsos negativos e falsos positivos: algoritmos devem ser suficientemente robustos para identificar corretamente os usuários, mesmo sob condições adversas como baixa luminosidade ou variações faciais.

A privacidade dos usuários também é um ponto crítico. Diferente de senhas, dados biométricos não podem ser alterados em caso de vazamento, demandando investimentos constantes em criptografia homomórfica e técnicas de anonimização. O compromisso com a segurança deve ir além da tecnologia, incorporando práticas de governança e treinamento constante das equipes.

  • Proteção dos templates biométricos contra engenharia reversa e replay attacks.
  • Implementação de defesas ativas, como liveness detection para vídeo e áudio.
  • Auditorias regulares e conformidade contínua com padrões de segurança e privacidade.

A cultura organizacional voltada para a proteção de dados é tão relevante quanto a tecnologia em si, pois falhas humanas podem comprometer toda a robustez implementada.

Tendências e o futuro da biometria financeira

O horizonte tecnológico aponta para a expansão da biometria multimodal combinando voz, face e digitais, elevando a confiabilidade e atendendo diferentes perfis de usuários. Quando múltiplos fatores são avaliados simultaneamente, o sistema se torna mais resiliente a tentativas de spoofing e oferece experiências mais inclusivas.

A inteligência artificial está no centro dessa evolução, com algoritmos capazes de detectar nuances comportamentais, como o padrão de digitação e o ritmo de fala. Essas camadas adicionais de análise comportamental prometem reduzir ainda mais os índices de erro e tornar o processo de autenticação quase imperceptível ao usuário.

Além disso, a popularização de dispositivos wearable, como smartwatches e pulseiras inteligentes, permite a captura contínua de dados biométricos, abrindo caminho para autenticação passiva, onde o usuário é verificado de forma constante sem interrupções no fluxo de navegação ou transação.

Em um cenário em que as ameaças digitais se sofisticam diariamente, a biometria surge como protagonista na batalha pela proteção de recursos financeiros. Ao combinar inovação, regulação e experiência do usuário, ela redefine a forma como acessamos e autorizamos transações, tornando-as mais seguras do que nunca.

Para as instituições financeiras, o caminho é claro: investir em tecnologias avançadas, adotar boas práticas de governança de dados e acompanhar as tendências globais. Já para os usuários, a promessa é de operações mais rápidas, confiáveis e alinhadas com os mais altos padrões de privacidade.

Juntos, podemos construir um ecossistema financeiro mais resistente, onde a segurança esteja intrinsecamente ligada à conveniência — e a biometria é a peça-chave dessa transformação.

Felipe Moraes

Sobre o Autor: Felipe Moraes

Felipe Moraes